DEFRONTE A TI
Em vez de lamentar em meu retiro,
Naquela hora eu queria ser um rei.
No píncaro da ventura e da glória,
Tua fronte tão doirada eu fitei!
D`enleio um fervor em meu casto peito
Aos teus olhos luzidios me guiou;
Uma lágrima vaga ungiu-me a face,
A face que o amor não afagou!
À refulgência de um olhar castanho,
Levantei minha asa de poviléu,
E como águia valente e soberana,
Eu só queria conquistar o céu.
Sem palavras, minha flor arquejante,
Fitaste-me como se transparente
Meu casto peito exalasse um amor,
Qual araponga de canto estridente.
Que encanta a flor do vale deslumbrante
Com sua canção doce e predileta,
Tu eras a minha musa vernal,
A virgem mais perfeita de um poeta.
Eu sentia uma tépida vertigem
Diante de tua languidez infinda,
Mas, era somente eu que merecia
A candura daquela fronte linda.
A nobre aragem em seu soprar brando,
Meneava tuas belas madeixas.
Como defronte a uma moça faceira
Eu lembraria minha fúteis queixas?
Não! Já não era a vida uma procela,
Afagaste o meu frívolo destino;
- Ai! os olhares infensos à vida,
Douraram meu sorriso de menino.
Que imagem refolhava minha esperança!
Nem o teu pejo de anjo me impedia,
O langor mais sonhado de mirar
sem pensar no ocaso da fantasia.
Nunca serei o mancebo de outrora,
O qual defronte a ti pôde viver...
Aquele que esfuziante sorria,
que agora de tristeza vai morrer!
POEMA ESCRITO EM 12/09/2002