Deitado no chão de palha
É bom sentir o mundo, gostava de o abraçar inteiro de uma só vez. Como não posso, tenho que abraçar uma pedra de cada vez e olhá-las com calma, uma por uma, pois todas elas são diferentes e também são vida, tenho que ver o mundo um bocadinho de cada vez e voar baixinho. Comer melancias, pêssegos de agosto, ameixas, peras doces, beber a água fresca das fontes, trepar árvores antigas de olhos fechados, agarrar os varões das pontes, mergulhar lá do alto e confirmar se os peixes ainda se escondem nas mesmas tocas das paredes de pedra do rio. Percorrer as searas e ouvir os sons da noite, falar com os rouxinóis, deitar-me no chão de palha e contar as estrelas cadentes. Sentir o meu respirar e esperar… esperar que o tempo me devolva o mundo e me faça viver devagar.
Quero voltar ao meu mundo de menino para voltar a ser...
MS
(12/04/2013)