Deitado numa cama

Deitado numa cama, cheguei a este  mundo,

Não sabia fazer mais nada, nem me lembro de muito.

Deitado numa cama, imaginei a minha vida,

Longe da infância, sonhadora criança destemida.

Deitado numa cama, gostava de acabar.

Perto de quem me ama, um último abraçar.

Despedir-me com a consciência que consegui,

Ser melhor depois do inicío, durante o meio, até no fim.

Deitado numa cama onde escrevo estas linhas,

Ténues, com tinta negra, um pouco entristecidas.

O caderno que me compreenda, tanto que assistes arrumado.

Quando te devia ter aberto, continuaste fechado.

Deitado numa cama onde Tu também dormiste.

Tanto que te amparou, e nem te despediste.

Despeço-me de tudo, do mundo, de quem ainda vive cá,

Se for ,até sempre, se não for, até já!

 

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