Depressão - Não se vê mas sente-se III

Por vezes tinha sorrisos forçados, para parecer que estava tudo bem...

Mas por dentro, algo apertava o meu coração, aquela ansiedade que vinha do nada deixando-me sem forças...

As insónias persistiam, e o sono não vinha por nada... É tão doloroso não conseguir dormir, e andar no dia seguinte como um zombie...

É um mundo tão escuro, tão deprimente, sem vida... Parecia um iman a atrair tudo negativo...

Em momentos desejava ser surda para não ouvir tanta estupidez seguida, ás vezes uma palavra doi mais que uma agressão física, só queria estar no meu canto, no meu mundo vazio, sem ninguém a chatear-me.

Havia alturas que explodia "Caramba pah, também tenho valor... irraaa"  dizia eu num tom raivoso.

Procurava desesperadamente alguém que me ouvisse, só queria um pouco de atenção... mas onde estava? Não estava... Não havia... Não existia.

Esqueço-me de tudo e começo a anotar tudo num caderninho...

Cada vez caía mais, piorava dia após dia...

Nada me motivava, nada me dava alegria...

Tentando entender que estava mesmo na depressão, comecei mesmo a mentalizar-me que precisava ajuda médica...

Mas... eu sempre fui muito forte e queria ultrapassar isto sozinha, refugiava-me em pequenas coisas que ainda me davam um pouco de ânimo, escrever no centro comercial com um café na mão e sempre a ouvir as minhas músicas morbidas a acompanhar-me.

Pesquisei e vi que em Portugal, há mais de 1200 mortes devida a depressão, e estima-se que um terço das pessoas com perturbações mentais não sejam devidamente tratadas...

A mais grave consequência do não tratamento da depressão é o suicídio e essa maioria dos suicídios ocorrem em contexto da depressão. 

Próximo post: Depressão - Não se vê mas sente-se IV