Desabafando
Desabafando
(Jorge de Azevedo)
Hoje eu não queria a saudade
Dos grandes amores vividos
Fazendo-me companhia.
Eu queria a presença dos corpos
Perdidos por falta de tato
Pelo contato falido,
Excesso de beijos
Sem gosto de beijos.
Eu não queria nessa tarde quente
Eu sozinho num quarto vazio
Escutando Tim Maia cantando
Amores que se foram
Sem jamais terem chegado.
Eu queria conversas fúteis
Pensamentos irresponsáveis
Sentados numa rede nordestina
Sob a sombra de uma mangueira
Repleta de flores sem frutos.
Eu queria, nessa tarde quente
Sons, barulho de mãos deslizando
Por tantas curvas e linhas
De corpos tantos.
Sussurros de amantes apaixonados
Quedados em delírios de desejo
Entremeados de silencio
Gritados na ponta da orelha
Deslizando ouvido abaixo
E estacionando no umbigo.
Queria uma taça cheia de vontades
Em vez desta taça cheia de saudade.
Queria uma taça exótica, erótica
Pingando suco de paixão imprudente
Sob mangueira aberta
A tantos olhos e ouvidos.
Eu não queria nessa tarde quente
Estar abrindo meu baú de lembranças
Para viver os momentos vividos
Guardados em fotografias amareladas
Pelo tempo fechado no sótão
De minha memora encardida
Por tanta saudade.
Eu queria ver chegando, entrando
Pelo portão feito de madeira velha,
Um corpo qualquer de ontem,
Algum dos meus amores,
De minhas paixões,
Vestindo qualquer cor,
Sentando em meu colo
Sob a sombra da mangueira
Me fazendo reviver
Qualquer uma
De minhas antigas paixões.
Macaíba, 12 março 2008
Comentários
ronilda davidlo...
2ª, 17/06/2013 - 18:07
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O maravilhoso da poesia é a
O maravilhoso da poesia é a liberdade que concede ao coração para realizar desabafos assim e dessa forma amenizar os sentidos.
Apreciei ler-te as escritas Poeta.
Congratulações e boa semana
Jorge de Azevedo
4ª, 26/06/2013 - 15:06
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Voce pode encontrar alguns
Voce pode encontrar alguns dos meus escritos no site "Gosto de Ler". Pode procurar-me no Google (Pesquise: Jorge de Azevedo) e este site surgirá.