DEU DE SI
Deu de si, todas as suas verdades e mentiras
Deu de si, cada fração de todos os seus momentos
Deu de si, lágrimas, sorrisos, dores e fantasias
Deu de si, por inteiro e os seus fragmentos.
Conquistou do livro a sua verdadeira história
Viajou no vento, no tempo e na memória
Se deliciou com a vida de uma folha morta
Se embriagou com o poema e se esqueceu da hora.
Se nasceu, se perdeu, retornou
Se escreveu, esqueceu, repousou
E se deu...
Galopou como se fosse um pégasos
Por sobre vidas, ruínas, no dorso da felicidade
Penetrou no íntimo do mais puro azul
Devorou a solidão e a saudade.
Se morto, renasceu como a um fênix
Se vivo, diluiu no flambar do êxtase
E se deu...
Deu de si, todos os seus tropeços e acertos
Deu de si, a incontida ânsia sem apreço
Deu de si, a alma sufocada em desespero
Deu de si, um meigo e gentil coração sereno.
E se nasceu, se esqueceu, se doou
Se escreveu, renasceu e ficou
E se deu, deu de si, repousou...