Deusa Carnal
Autor: Rui Tojeira on Saturday, 8 November 2014
Deusa carnal
Nas tuas mãos
seda e cetim,
meu corpo urge
deslumbrado,
pelo teu peito suado,
colado em mim.
Pacto de almas
vinho e fermento,
frágua que aflora
tempo sem hora,
de pomo carnudo
em mosto sumarento.
És deusa fulgente
que se abre em flor,
excitação das águas
lábios em saliva e suor.
Meigo toque ardente
em néctar de volúpia,
seiva e melaço sedento,
que sorvo languidamente.
Tu és fogo de Afrodite
e eu, dedicado Orfeu
numa odisseia de clãs,
onde o céu é o limite,
num apogeu de Titãs.
E vêm-se os espasmos
e soltam-se os gemidos,
descerram-se os orgasmos
na epiderme dos sentidos.
Rui Tojeira
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