Ditados da Alma..

Ditados da Alma..

 

Poesia  que corre nas veias,

tinta de sangue poético

expelido pelos poros da pele,

letras dançantes ao ritmo cardíaco,

amantes do movimento imóvel da natureza das Sílabas.

 

Encontro-me no singular da noite,

esvazio-me no tempo e questiono-me no zero,

desfaço-me na árvore e desconexo a raiz

Onde o Desejo perde o nome.

 

Sofro a manhã,

sois de mim paralisam mares e glaciares,

cânticos novos fecundos em prados verdejantes,

sofro a palavra de outro chão, onde

pedras nuas, húmidas, falam de mim em chão mais ardente.

 

Ditados da Alma esvaziam o texto da essência,

atinjo o fundo do tacto,

cinzas extinguem corpos,

tudo poderia ser tudo no inadvertido Nada.

 

Forma-se  ilhas, arquipélagos num novo texto,

no abdómen do Mundo a profecia das nascentes

purificam o desejo da língua em boca alheia.

 

Meandros da mulher

em louco poder,

oculto verso íntimo ,

 fluxo crucial texto que rasga o corpo.

 

Todas as feridas desfloram a dor,

remo para existir,

recomeço um novo Ditado da Alma.

 

Gila Moreira 

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