Divagações Noturnas

Deitas-te junto a mim,

Somos unidos por braços.

Vem a noite e ao dia põe fim,

Desaparecem os quotidianos embaraços.

 

Tua pele é o meu caminho,

Teo olhar é o limite celeste.

Já não ando por aí sozinho,

Depois da companhia que tu me deste.

 

Pelo teu corpo faço milhares de expedições,

Sou um explorador do teu ser.

Rendo-me a ti e às sensações,

Perco-me em ti mesmo sem saber.

 

És um mundo que para mim basta,

Não sonho nem peço mais nada.

És as folhas dentro da minha pasta,

Onde escrevo nas linhas da nossa estrada.

 

Tanta coisa, para mim, significas,

Mais do que te posso dizer.

Não dizes se te vais ou se ficas,

E eu, sem saber, fico a temer.

 

Nós casamos mesmo sem alianças,

O ouro é o que está dentro de nós.

Novos desejos e esperanças,

Saem de dentro da tua voz.

 

Onde páras, eu nem sequer sei,

Mas espero que sejas alguém.

Amar, já muito eu amei,

Mas o amor ficou muito aquém…

 

Mas tu nem existes sequer,

És uma fantasia a minha alma.

Vejo-te mesmo sem te ver,

Vou-te desenhando sobre a minha calma.

 

 

(17/04/2014 – 23:45)

Género: 

Comentários

Meu bom amigo, divagar é muitas vezes viajar/ surfar  nas ondas do desejo em marés de pensamentos.

O pensamento é criativo, por vezes deambula nas marés do futuro. Quiçá a tua divagação sorva a água do futuro, tornando o teu poema um Déjà vu.

Um abraço, do velho e recente amigo,

João Murty

António Cardoso's picture

Muito obrigado, amigo João Murty.

Às vezes dou por mim à noite, enquanto luto para adormecer, e quando estou mais sozinho comigo e com os meus pensamentos a refletir sobre a minha vida. Sobre estes 20 anos que estão a passar e nos quais pouco se passou e sobre os próximos 20 e tudo aquilo que gostava que viesse a passar-se. Dou por mim a viajar num mundo de imaginação, onde não há sombra, frio, chuva, crise, solidão e onde tenho tudo aquilo que gostava de ter mas que nem sempre encontro. Dou por mim a viver novas experiências e é por aí que muitas vezes escrevo, não sobre aquilo que vivo no dia-a-dia da realidade, mas sobre aquilo que consigo viver dentro da minha mente, nos meus planos.

Quem me dera que um dia estes poemas pudessem ser lidos não como uma esperança de um futuro, mas como uma profecia antiga de algo que já está a realizar-se. E que ao menos me lembrem daquilo que sou, caso parte de mim se vá perdendo porque a vida é um bicho que gosta de nos ir comendo aos bocados.

Um abraço do seu amigo,

António Cardoso.

Transportas contigo o ópio dos poetas, que te permite viajar no mundo dos sonhos. Por isso, és várias personagens em cenários diferentes.

Salvo erro estás na área das letras (comunicação? jornalismo?), E uma ferramenta para o mercado de trabalho e comulativamente cria alicerces para quem quer escrever. No mundo da  escrita um em cem mil, vinga na vida e um em dez ml sobrevive, o racio exiguo mostra saciade no grau  de dficuldade exigido para aingir tal desiderato. Todavia grande parte das pessoas que escreve encontra na escrita um processo complementar (exteriorizar, desabafar, integração na sociedade, processos de cidadania e intervenção)  que ajudam a dar rumo significado na vida, neste caso  o paradigma esbate-se e o racio inverte-se.

Escrever poesia "poetar" é ir mais longe é fluir na sensibildade, viver intensamente os pequenos momentos, colorir os sonhos, libertar e aprisionar sentimentos é ver mais longe que o vulgar, alma sensivel que acolhe no seio a elevação (amor, compaixão, solidariedade, dor), revelados em ternura raiva, sarcasmo,  ironia. Por um lado, o processo de insatisfação  ajuda a fluir (um Ser em constante evolução), por outro, a insatisfação é handicap à felicidade. Camões, Florbela, Mário Sá Carneiro, corrobora o refrido.

Um abraço

 

António Cardoso's picture

Estou em Relações Internacionais que tem "muitas saídas", apensar da Carreira Diplomática ser a mais óbvia, mas que também podem ser outras como a Comunicação. Embora veja-me numa posição difícil em qualquer uma das hipóteses pois se sou bom a comunicar é com palavras escritas e não com palavras faladas.

 

Eu nunca me considerei poeta ou digno de me comparar a um poeta. Apenas tinha alguns sentimentos presos e vi na poesia um instrumento para lhes dar alguma vida e para os deixar registados. Sempre houve uma grande diferença entre aquilo que eu sentia e aquilo que eu fazia, aquilo que eu escrevia e era capaz nas histórias ou poemas e aquilo que eu realmente fazia na hora de agir. E por isso a minha escrita mostra um lado meu totalmente diferente do que as pessoas estão habituadas a ver.

 

O mundo da escrita é mesmo muito complicado, principalmente em Portugal, por isso que não tenho pressas em acabar de escrever e publicar o meu romance. Só o farei quando tiver a convicta certeza de que poderá ter um bom publico e ser exportado, porque é isso que quem escreve normalmente quer: que todos leiam e disfrutem da história.

Abraço.

Eu tanbém era assim, a minha capacidade escrita foi sempre superior á minha capacidade oral/presencial. Depois as vicissitudes da vida obrigaram a que outros atributos (estavam cá), menos revelados, viessem à evidência (liderança, capacidade de análise e de decisão).

Aos 30 anos era diretor geral de um grupo hoteleiro (4 hotéis no Algarve), aos 45 Foi director geral do maior grupo turistico e hoteleiro tinha cerca de 1.800 trabalhadores e conjuntamnte com o João Carvaho das Neves (prof.. catedrático do ISEG),  e com o Charles Blair (prof. catedrático da U. Mancherster), consguimos que o maoir grupo turistico hoteleiro (naquela altura) não fasse à falencia.

Tudo isto para te dizer, que por vezes aparecem os outros atributos ( talvez mais maturados por força da visão/criatividade que a escrita propociona), eles irão revelar-se. Eu acredito em ti.

Boa noite, apoveita a Páscoa

Um abraço.

Ps. Tenho o computador com problemas, algums letras não entram (curiosamente é só aqui no site poesifaclube.

 

António Cardoso's picture

Caro amigo João Murty,

 

Sim, por vezes achamo-nos a fazer coisas que nunca pensemos que seriamos capazes de fazer e acontece-nos coisas, más e boas, que nunca pensemos que podiam vir a acontecer. Mas às vezes as dúvidas são maiores que as certezas e arriscar nem sempre é uma opção.

No entanto temos que continuar a acreditar que o futuro sempre nos trará de tudo e para isso trabalhar um pouco.

 

A escrita tem sido importante porque não só penso que um dia me irá recompensar, como tem servido um pouco como um reservatório da minha personalidade. Para que pouco ou nada se perca em consequência das vicissitudes e percalços da vida.

 

Uma boa Páscoa para si também,

 

Abraços.