Dois como um
Autor: Frederico De Castro on Tuesday, 5 May 2015
Serei teu poeta
se as palavras que te disser hoje
couberem entre tuas margens
convergindo lineares
nutrindo taciturnas
aquelas cavalgadas desenfreadas
onde nos despimos assíduos
pelas tempestades de carícias
tão instigantes e esfomeadas
E quando em ti emergir
chicoteando qualquer palavra
amarrada em teus segredos
mesclados por surtos reveladores
de amor
então me entregarei de vez
aos teus abraços prediletos
onde pleiteados nos deslumbramos
num beijo assim empolgado
Dá-me teu horizonte
como modelo ilimitado
pra seguir de perto
aquelas frases lindas
de afecto suscitado
que me roubavas ainda mal
o dia em auroras temperadas
eu interrogava
sem jamais deixar morrer
minha poesia viril e inconformada
Basta-me entregar-te
minh’alma despida
desfrutando-te noite e dia
até que minha colecção de pecados
reencontre todo o perdão
na indulgência entusiasmada
com que remimos
soluços de tristeza
sem eira nem beira
arrumados na prateleira
do tempo
sem outro desejo
que não seja encontrar
teu endereço
queira eu, até manietar
se possível
cada eclodido gracejo teu
FC
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