Dorme homem. Dorme.

Dorme homem. Dorme.
Dorme à direita do charco e, em sonho,
Liberta os pés do barro em que te atolas.

Dorme homem. Dorme.
Só em sonho pode surgir o riso feliz
Que ostentas e derramas na tez calosa.

Dorme homem. Dorme.
Deixa que a máquina role e escravize,
Que as algemas te apertem os pulsos,
Que vires peão no jogo da guerra.

Dorme homem. Dorme.
Dormindo justificas o estar parado,
Enquanto outros avançam sobre tuas costas.

Dorme homem. Dorme.
Pode ser que o sonho te desperte para a vida
E acordes Homem.

 
Do livro VIVENDO O POENTE
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