Dormir

Quero dormir de mim,

ausentar-me,

dormir para não existir.

Não procuro descansar,

só quem sabe morrer

termina de ser.

Preciso tanto de dormir,

esquecer-me do tempo,

do nada,

do tudo,

nunca pensei que esta escolha me agitasse tanto.

O meu corpo não dorme,

reboliço de lençóis se misturam,

durmo como os bichos,

não descanso como os mortos.

Hoje, o amanhecer testemunha

a mal dormida,

inquietude da mente? Talvez!

Desejo de ser criança,

dormia com essa competência,

- dormir na ausência de mim -

só as crianças alcançam.

Dormir em chão sem morada,

e alcançar a alvorada,

renascer

e viver de novo em mim.

Vem as luzes baixas,

mais uma historieta do espírito que

embala o sono, e

finalmente vou dormir para não existir.

Gila Moreira 22/01/2014