DOUBLE TALK
Fernando Antônio Fonseca
Palavras dúbias, fluentes, fluídicas, espontâneas, não-mecaniza-
das, são traduzidas por signos diretamente associados (relacionados)
por uma consciência crítica individualizada, no ato de sua leitura.
Reverberações, ressonâncias, ecos, distorções verbais, neologis-
mos, recursos gráficos-espaciais, estrutura, etc...são qualitativa e / ou
quantitativamente incompreendidas ou identificadas pelo leitor com
as idéias do poeta / escritor, como conseqüência de sua assimilação ou
recalque diante da interface existente entre os dois
Estes desígnios podem, portanto, colidir ou refratarem-se com as
des / pretensões do poema / texto, em seu gênesis.
Como reprimir o impulso criativo de poemas / textos, sem que de-
les se ignore o pueril intento ou instinto original?
Admite-se, intrinsecamente, que cada leitor único, singular, possa
decodificar um poema / texto, segundo sua matriz arquetípica incons-
ciente. E isso é constatável e confirmado pela postura ética do poeta
/ escritor, pois este ‘desenha” os versos / textos de tal forma que indu-
zam o leitor (objeto / alvo) à uma postura reflexiva, a qual pode estar
sujeita às suas próprias motivações e contradições interiores.