DUETO - MENDIGO DA ALMA - João Murty/Fernanda Mesquita

DUETO: João Murty/Fernanda Mesquita

MENDIGO DA ALMA

Velho de olhar triste, pobre e vagabundo
Tens por companheira a miséria dominante
Viajante de alma e mendigo neste mundo
Que em delírio beijas o pó, murmurante.

Onde os dias e as noites passam sem ter pressa
Onde nada é diferente e tudo te parece igual
Até o dormir, no canto escuro de qualquer travessa
No chão de pedra, enganas o frio num leito de jornal.

Mora próximo a demência, que cultiva esse fadário
Nessa alma adormecida, em que a sorte é a morte
Que num ato de amor, termina esse Calvário.

Poemas escritos de luto, marcados por almas sem amor
Inspirados na desgraça, foram buscar a poesia ao teu sangue
De trajos negros te veneram, declamando um verso à tua dor.

João Murty

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De que me servem versos escritos à minha dor...
São um inferno na minha alma, murmúrios ofensivos
Que irrompem em mim a sensação de ser inferior
Neste mundo indiferente, pleno de silêncios corrosivos.

Como declarar independência de ideais tão pouco nobres
Que desprezam a verdade e a tornam escrava de uma moral,
Que envenenam o corpo da estrutura humana e tornam pobres
Os direitos do homem comum, tornando-o tão desigual.

O Homem fez do mundo uma caixa quadrada...
Mas não terá a Terra uma forma arredondada,
Sem cantos moldados por uma apatia que o empobreceu?

O murmúrio sonso desses cânticos falsos são
Para amestrar o Homem-simples numa falsa ilusão
E assim pague, obediente, para viver na terra onde nasceu!

Fernanda R. Mesquita

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Comentários

Cada nobres em seu quadrado, os pobres arrebentados, arremessados no chão!

Ah! Quem dera que o mundo inteiro movesse, de compaixão e aliviasse a dor deste coração.

 Mas Jesus disse: Os pobres sempre tereis convosco e Eu nem sempre me tereis!