DUPLA EXISTÊNCIA

 

Atrás de uma vida que não é minha

percorrendo medidas em formas escondidas

pertenço a uma festa tão sozinha

quanto uma luz desiludida.

Corro atrás perdendo a medida

me espelhando em confusos reflexos

de uma existência desmedida

unicamente minha.

Quem está à procura da morada?

Quem está à minha sombra e anexo?

Qual é a música de minha balada,

Onde dança a Dama ao centro sozinha?

É a ferida que punge no meu peito

uma rosa aberta e sangrenta

que exala um perfume e ao leito

sonho em dias brancos.

Onde não serei tão desigual quantos os iguais,

onde a rosa não será tão corpulenta,

onde a cinza da minha terra seja desigual

à cor da cicatriz em meu peito.

Quem ainda és tu que me segue?

Talvez a minha lágrima mais terna,

talvez seja eu mesmo que não me reconheço

na própria vidraça que me ergue.

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Especial e tocante.