E depois dos temporais

– Depende de nós
 
nunca deixar extinguir-se
 
essa luz indivisível
 
soberana,trajando impassível
 
a trilha nostálgica ,perdida na noite
 
onde curamos
 
nossos cansaços impassíveis
 
caudalosos,desmaiando inexoráveis
 
ante teus afagos,dispersos
 
plausíveis
 
postergados na boémia da noite
 
em fuga constante…pelo gosto
 
insustentável do ser
 
procurando-te doloroso pr’além
 
da planície incendiada por
 
teus cantos e afagos inimagináveis
 
 
– E depois dos temores
 
dos temporais inevitáveis
 
acordo a noite de mansinho,despertando
 
aquelas nossas tentações quase inflamáveis
 
crescendo em brasas frenéticas
 
dispersas  entre nossa linguagem
 
mascarada de silêncios inóspitos
 
deixando apenas teu perfil evidente
 
vulnerável à influência cativa
 
perante o anonimato desta vida
 
onde cessa toda a saudade
 
e eu,
 
consentindo-te
 
viajo até às eternas e insustentáveis ausências
 
que me deixas-te sem mais prerrogativas
 
 
– Fosse possível explicar
 
cada incidência dos teus
 
breves lamentos
 
povoava tuas sombras exuberantes
 
com súbitos versos
 
que escondi com tua complacência
 
em busca do tempo intenso
 
com que nos declarámos
 
corpo a corpo
 
magníficos, eloquentes
 
inundando nossas almas impacientes
 
na intima acalmia dos desejos
 
imersos nos teus mares ondulantes
 
enlouquecidos
 
de alegrias se atiçando coniventes
 
FC
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