E morreu a dor

Hoje faz anos que morreu a dor
Já não a encontro no olhar lânguido da invernia 
Todos os lugares tristes que por ela passaram são apenas memórias,
recordações esbatidas pelo decorrer do tempo
ali não quero voltar, apenas saber que ela existiu para não esquecer  
 
Em tempos queria fugir de mim, apagar o rasto das memórias infelizes
Hoje quero permanecer, acordar para os olhares brilhantes e límpidos  
das criaturas que habitam na água do mar
usar o balanço das ondas para me embalar doce e ternamente 
 
Quero aquecer-me na lava de um vulcão
Transmutar-me em poeira cósmica e viajar no tempo e no espaço
Adormecer nas madrugadas de ontem onde tu estiveste
e onde as formas do amor eram apenas e tão só o prolongamento 
dos nossos abraços 
acordar no entardecer da montanha onde a poeira cósmica repousa brilhando
pelo sol que ainda não partiu para o outro lado da terra  
fazer da vida breve um lugar único no mundo, onde permanece a magia da vida    
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