... EIS O HOMEM...

...EIS O HOMEM...

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Eis o Homem...

O Homem! Parido aos poucos... Inventando-se em parte! Em outra parte, não inventado...

No espaço, no tempo, na realidade, na natureza, na existência...

Na vida, na sobrevivência...

 

Eis o Homem...

Na fome, no frio, na luta, na morte, no crescer, no envelhecer...

Na doença, na crença, na desavença, na mudança, na chuva, no auto, reconhecer...

No nascimento do filho, na ausência do falecido... Inventa, cria, acredita, viver...

 

Eis o Homem...

Vislumbra, olha, medita, questiona, escuta, fala, inventa, passa para outros...

Aprende, ensina, desaprende...

Aprende de novo...

 

Inventa o divino...

Enquanto mata, quebra o pescoço, esquarteja a ave e come o ovo...

Olha o relâmpago, escuta o trovão e adivinha:

Ele vai vir de novo!

 

Eis o Homem...

No mato, pelado, sofrer...

Deseja, sua, ejacula, sangra, pare, amamenta... Tudo de novo...

Ofegante sente medo... Vence, faz outra vez... Outra, outra, outra, morre e outro faz...

 

Na neve:

Como se defender?

Do predador feroz:

Como vencer?

 

Eis o fogo! Brada o Homem!

Agora te queimo bicho que quer me comer!

Agora te cozinho no meu fogo...

Assado, frito...  Como-te!

 

Agora me aqueço! Venço e venço...

Agora o inseto que me suga o sangue se afasta!

Agora sou senhor...

Eis o Homem, eis o fogo, ou, eis o fogo, eis o homem?

 

O fogo é meu? O fogo é do Homem?

Eu sou do fogo? O Homem é do fogo?

Fogo homem... Homem fogo...

Fogo deus? Santo fogo? Homem deus?

 

Eis o Homem...

O fogo...

Eis a Arte!

O Homem na vivência do natural criou o que não existia!

A Arte é do Homem? O Homem é da Arte?

 

Eis o Homem...

Eis o bicho preso!

O bicho agora é do Homem!

O Homem prende, alimenta, cria... Cria a cria da cria! Come a cria do bicho que cria!

 

Eis o Homem...

Eis a semente que o Homem pega, recolhe, observa...

A semente é do Homem, a planta é do Homem!

O Homem planta cada vez mais planta que come!

 

Cada vez mais Homem!

Cada vez mais fogo!

Cada vez mais Arte!

Cada vez mais cria de bicho que é do Homem!

Cada vez mais semente que o Homem planta!

Cada vez mais planta que o Homem come!

Cada vez mais Homem... Cada vez mais deus...

 

Tanto Homem olha o rio...

O rio que passa e traz tanto!

O bicho, a cria do bicho, a semente, a planta...

Tudo melhor perto do rio...

 

O rio pode ser deus como o fogo?

O rio é de um deus igual o fogo é de outro?

Deus, fogo, rio, bicho, cria, semente, planta...

Eis um lugar brada o Homem...

 

Um lugar para o Homem ficar!

Acreditar e louvar!

Criar e criar!

Plantar e colher!

 

Eis a cidade brada o Homem: aqui vou viver!

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