Elegia

Elegia - Giorgio Costantini (piano solo)

Procurei  respostas
 
fragmentadas em ti
 
elaborei na religião do tempo
 
um sacrifício temperado por
 
palavras lavradas na simpatia
 
dos nossos desejos
 
 
– Soergui aquele sensual paraíso
 
onde nos envenenamos de paixão
 
sem mais encontrar outro antídoto
 
que não
 
desfrutar-te eloquente
 
até que a morte nos separe
 
gratos
 
solidificados num nó corredio
 
concludente
 
 
– Prometo-te encontrar emoções
 
onde nossos sonhos se desfizeram
 
exaustos,iminentes
 
sem mais objecções
 
díluindo-se no tempo esguio
 
quase ocasional onde lapidamos
 
nossas expectativas dominadoras
 
impelidas pacientemente numa vida
 
em delírios
 
emanadas de corações cerzidos
 
sem itinerário na hora da partida
 
 
– Só me resta
 
nesta vontade quase irremediávelmente
 
erguída na elegia
 
de uma esperança ostentada em vida
 
deglutir-te numa epifania
 
gloriosa, imensa
 
personificada na quietude emigrada
 
no templo deste mundo tão precário
 
 
– Seremos então mais dignos
 
da verdade
 
prostrando além
 
nossas orações proliferando
 
confessas
 
no imenso rescaldo
 
das palavras tolerantes
 
timbradas indelevelmente
 
na essência da vida depurada
 
e configurada em cânticos
 
impulsionados de alegria
 
que nos consome de enxurrada
 
 
- Carrego o dia em minhas mãos
 
alardeando eufórico, teus reflexos
 
enamorados, inseparáveis,
 
viajando nesta trajectória súbtil
 
efémera
 
onde cortejamos aqueles beijos
 
e tantos abraços
 
discretamente  ancorados
 
de vida
 
como memórias galgadas
 
na plenitude da fé inquebrantável
 
rogada, vivênciada até aos confins
 
do mundo onde por fim sucumbimos
 
devotos
 
embalando a eternidade de cada dia
 
em ecos de liberdade
 
contentamento e unanimidade
 
FC
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