Elegia
Autor: Frederico De Castro on Sunday, 17 May 2015
Procurei respostas
fragmentadas em ti
elaborei na religião do tempo
um sacrifício temperado por
palavras lavradas na simpatia
dos nossos desejos
– Soergui aquele sensual paraíso
onde nos envenenamos de paixão
sem mais encontrar outro antídoto
que não
desfrutar-te eloquente
até que a morte nos separe
gratos
solidificados num nó corredio
concludente
– Prometo-te encontrar emoções
onde nossos sonhos se desfizeram
exaustos,iminentes
sem mais objecções
díluindo-se no tempo esguio
quase ocasional onde lapidamos
nossas expectativas dominadoras
impelidas pacientemente numa vida
em delírios
emanadas de corações cerzidos
sem itinerário na hora da partida
– Só me resta
nesta vontade quase irremediávelmente
erguída na elegia
de uma esperança ostentada em vida
deglutir-te numa epifania
gloriosa, imensa
personificada na quietude emigrada
no templo deste mundo tão precário
– Seremos então mais dignos
da verdade
prostrando além
nossas orações proliferando
confessas
no imenso rescaldo
das palavras tolerantes
timbradas indelevelmente
na essência da vida depurada
e configurada em cânticos
impulsionados de alegria
que nos consome de enxurrada
- Carrego o dia em minhas mãos
alardeando eufórico, teus reflexos
enamorados, inseparáveis,
viajando nesta trajectória súbtil
efémera
onde cortejamos aqueles beijos
e tantos abraços
discretamente ancorados
de vida
como memórias galgadas
na plenitude da fé inquebrantável
rogada, vivênciada até aos confins
do mundo onde por fim sucumbimos
devotos
embalando a eternidade de cada dia
em ecos de liberdade
contentamento e unanimidade
FC
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