em mim

Suspendi o tempo que me pousou nas mãos

Ave livre sem destino nem porvir

Olhei nas águas lavradas do rio

O desassossego que me habita nos olhos

E sorri

Do peito brotaram-me flores em cacho

Com cheiro a terra e a musgo

Com cores que envergonharam o arco-íris

Estendi-me, dolente

Nas margens deste rio calado

E esperei a lua

Lânguida

Foi meu o mundo todo num momento

Em que desbravei um peito a arder

Senti-me em mim

De volta

E a minha gargalhada

Confundiu-se no grito da garça

O comando da vida

Está de novo nas minhas mãos

Trementes

Dolentes

Estendidas para agarrar a lua

Neste meu céu negro

Onde brilham estrelas mil

Toda a luz que preciso

Para ser feliz…talvez… um dia…

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Comentários

Grande poetisa Aurélia;
Só tenho a te agradecer por primar seus leitores de algo tão belo. Poema lírico, intenso e poético. Da forma bela que escreveu muito deve se amar.
Abraços 
Vera Helena