Em nome da razão

Gastei a alma para sacrificar a empatia em nome da razão. Ignorei os avisos dos velhos mais inteligentes, pensei ser mais sábio por estar em uma época informativa. Deletei seus conselhos, adicionei arrogância. Meu corpo foi embora numa tarde de verão dos anos 2000, em um fusca amarelo, junto à paz, arrastada nos pneus da estrada calorosa. Em outrora as coisas eram mais simples, diferente do que é agora. Não havia conhecimento, nem raiva ou política.

Acabei sendo enterrado vivo, jogaram terras tão pesadas em mim, pois meu mundo idealista dissolveu; encontrei a verdade, mas agora é tarde demais.

O jovem atento ao conhecimento rasga o livro do passado, porque acredita estar correto em suas ideias, sente que o passado é um problema. O clássico é um mal, o novo é um ganho. É o que chamam de ‘’falácia novitatem’’. Mal sabe o valor do passado. A nostalgia é como um anestésico para um mundo rotineiramente inflamado. Percebi o meu problema: preteri a revolução. Fui neófilo, ávido por espertezas.

 

 

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Comentários

belo poema em prosa 

 

Obrigado.