Em trânsito...

Desabotoei de mansinho
 
as cores e o destino que desvanece
 
na tarde
 
lembrando o contorno de cada palavra
 
ouvida e sentida nas preces errantes
 
 
– Decorei um mundo de
 
perguntas que nunca fiz
 
arrastando as horas
 
até ao declive onde morre o tempo
 
elaborei todas as respostas
 
resvaladas num quadro a giz
 
irremediavelmente repetidas
 
tantas vezes interrompidas
 
pelo supérfulo  e delirante estado
 
onde me perco a todo o instante
 
sem lampejos de admiração
 
nem  improvisos ou rasgos
 
da razão
 
 
A cada instante aproveitei
 
somente o nascimento
 
desta poesia absoluta
 
fundi-me entre as essências
 
imperecíveis que bradam
 
inconfundíveis no verdadeiro
 
infinito onde repousa esta amnistia
 
 
Transitei liberto
 
nos oceanos de vida
 
plantei efemérides de acalmia
 
desdobrei soluços tristes
 
em lágrimas afrodisíacas
 
escutei todas a probabilidades
 
para que um segundo se torne
 
tanta eternidade e empatia
 
descrevi as rotas celestiais
 
onde moram minhas simetrias
 
efusivas
 
tantas vezes  repensadas
 
tantas silenciosamente desenhadas
 
entre suspiros famintos
 
coexistentes,
 
naufragando
 
palpitantes assim devagarinho
 
à luz rara e insinuante
 
que imergindo de imortalidade a todos
 
longa e delicadamente contagia
 
FC
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Comentários

Senti-me dentro do poema, porque senti na alma o que ele dizia. Contudo, cada pessoa interpeta-o à sua maneira. Há uma visão e uma dor que só os poetas sentem. Cada arte sente a dor de forma diferente, penso eu... Obrigada pelo poema!
João Murty
Abraço

Obriagado pela mensagem

João. Somos diferentes

porém muitos iguais em transformar

o mundo através das palavras que nos saeim do coração

Um abraço

FC