Então enquanto chove...
Autor: Frederico De Castro on Tuesday, 14 February 2017
Então enquanto chove
as palavras desprendem-se no vazio
pingando no destelhado zinco das tristezas
Ausentam-se no frio da noite em chuviscos de
amor varrendo as solidões numa subtileza
de palavras sufocantes expostas no currículo
do tempo assim…tão aliciantes
Então enquanto chove
até as lágrimas em silêncio
vertem cada soluço da alma refém
absorta no vai-vem da vida declinando
a cada raiar de uma brisa se decompondo
num sussurro breve, seduzido…ao abandono
Então enquanto chove
te ofereço a madrugada por inteiro
Exalo todos os perfumes do dia
nascendo na eloquência de um beijo
sorrateiro
Promulgo toda esta saudade que perdura
açoitando a memória de um verso galante
e torrencial que ofereço com ternura
Então enquanto chove
Os gestos de outrora são a lúdica
paisagem do teu ser que abordo
em cada hora guardada no túmulo
do tempo loucamente disperso
num sonho que recordo
Então enquanto chove
é tempo de escutar os ventos espremendo
suas nuvens até pingar em nós todo o imenso
e licoroso aguaceiro que desaba no silêncio
unânime,transladado…qual incenso
É tempo de conceber a vida numa pareceria de odores
perfumando a lassidão destas estrofes dotadas de uma
inspiração quase crucial
Pintar um desejo intemporal recriado no design deste
poema embelezado com as hormanas de toda a
estética que me é apaixonante e essencial
FC
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