Epitáfio
Há dias em que meu quarto não tem porta
Não desejo ir para lugar algum
Seria bom ter opção mas não tenho
Às vezes me pego questionando
Será que vou morrer aqui dentro?
Sufocada pelo o que não foi dito
Raramente eu abro a janela
Não me sinto muito confortável com a luz
É brilho demais para os meus olhos cansados
No escuro existem formas não identificadas
Semelhante a sentimentos que não consigo catalogar
É quase um fantasma que você enxerga pelo canto do olho
Mas quando você vira o rosto
Percebe que é só uma pilha de roupas dobradas
Quanto mais você encara
Mais percebe que é ordinário
Quanto tempo falta até eu ser esmagada por essas paredes azuis?
Me sinto cansada e as vezes desejo ser beijada pela morte
Afinal qual a diferença entre estar presa dentro de um quarto e de um caixão?
Estar viva? Bom, se for isso, não foi muito convincente
Me sinto morta faz muito tempo
A inocência arrancada
A juventude desperdiçada
Fiz tudo e ao mesmo tempo não fiz nada.
Aqui jaz... eu.