*Epitaphio*

      Meu coração aqui jaz, erma ruina
      Onde habita a ironia, o vil phantasma
      Golphão anachoreta entre o miasma
      Perseguido p'la brisa crystallina.

      O lyrio, o trevo ri junto á bonina,
      Só de raiva a minha alma abdica, pasma
      Porque a tristeza famulenta traz-m'a
      Nas duras garras d'ave de rapina.

      Meu coração aqui, sob esta alfombra
      Dos pallidos desdens, justos ciumes
      Adora morto e frio a tua sombra.

      Até que emfim--oh ceus!--os meus queixumes
      Te despertam o choro, que me assombra
      Envolvendo o cadaver em perfumes!

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