Era ainda a visão,--Do templo em meio

Era ainda a visão,--Do templo em meio
Do anjo da morte a espada flammejante
Crepitando bateu. Bem como insectos,
Que á flôr de pego pantanoso e triste
Se balouçavam--quando a tempestade
Veiu as azas molhar nas aguas turvas,
Que marulhando sussurraram--surgem
Volteando, zumbindo em dança douda,
E lassos, vão pousar em longas filas
Nas margens do paul, de um lado e de outro;
Tal o murmurio e a agitação incerta
Ciciava das sombras remoinhando
Ante o sopro de Deus. As melodias
Dos córos celestiaes, longinquas, frouxas,
Com frémito infernal se misturavam
Em cahos de dôr e jubilo.
                          Dos mortos
Parava, emfim, o vortice enredado;
E os grupos vagos em distinctas turmas
Se enfileiravam de uma parte e de outra.
Depois, o gladio do anjo entre os dous bandos
Ficou, unica luz, que se estirava
Desde o cruzeiro ao portico, e fería
De reflexo vermelho os largos pannos
Das paredes de marmore, bem como
Mar de sangue, onde inertes fluctuassem
De humanos vultos indecisas fórmas.

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