Era uma vez...

Once Upon a Time - Michael E

Uma vez,
 
tantas vezes
 
anunciamos nossas peripécias
 
de vida
 
eminentes
 
traçadas na moldura
 
da solidão
 
desacompanhada,efémera
 
irreverente
 
 
– Uma vez
 
quantas vezes quiseres
 
te darei meu presente
 
em preces perfumadas  de vida
 
virando quantas páginas de história
 
descortinando na fímbria dos tempos
 
o perfil involúvel e revolto
 
nas palavras que ficaram por dizer
 
 
– Uma vez
 
ou quantas quiseres
 
esconderei a noite mágica
 
onde poluímos de luz excelsa
 
nossos seres anónimos
 
nocturnos, religiosos
 
à beira deste passado que
 
agora em mim desincorpora
 
feliz
 
às vezes até insolente
 
quando me deixas morder-te
 
de desejos doido
 
encarcerados ao futuro que se apressa
 
degrau a degrau mais afoito
 
 
– Era uma vez
 
como outras tantas que encêndiamos
 
nossos dias com poemas apressados
 
cavalgando as mesmas palavras
 
de amor desnudadas
 
quando em lágrimas comoventes
 
ensaiámos este crepúsculo murmurado
 
em cada silêncio inssurgente
 
atravessamos o mundo
 
devotos
 
sonhando com cada réplica
 
de um beijo
 
que ficou em recordação
 
tateando por aflitos gomos de alegria
 
nos tempos mais remotos
 
submersos nas sequelas despojadas
 
da nossa liberdade empanturada
 
de iguarias
 
desesperando vida
 
gotejando saudades em desalinho
 
abraçados festivamente peregrinas
 
onde em ti a qualquer hora
 
aqui
 
verdadeiramente me aqueço e
 
ao sol matutino me alinho
 
FC
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