*Esculptura*

      Que bella estatua! Collo d'alabastro,
      Um riso de crystal, faces ardentes,
      Um adreço de perolas os dentes
      E os olhos chispam o fulgor d'um astro!

      De maus intentos o porvir alastro
      Porque passando desdenhosa sentes,
      Que intimidas com lividas correntes
      Quem doido beija o sulco do teu rastro.

      Paradoxo cruel! treva d'arminho,
      Idolo deslumbrante, ruim creança
      Que da ternura forjas sevo espinho!

      Quando te vejo occorre-me a lembrança,
      Flôr de gelo, sinistro rosmaninho,
      D'enforcar-me a sorrir na tua trança.

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