Escutarei eu a diferença?

Escutarei eu a diferença?
Serei eu, por razão, digno
De distinguir o que de mão
Me dão ao ouvido? Ele que oiça!

Fraquejo-me de tímpano,
Mais, porque ainda, de sabedoria...
Todo céu me seduz e nado euforia;
Todo chão conduz alegria e dano!

Não quero presentes, irmandades,
Vectores para a vida: cornetas,
Em minhas orelhas, vestidas de setas.
A mim, pelos natais, desejem-me curiosidades;

Não pedirei, novamente, que me as desejem.
Desejem! Desejem tão solenemente,
E a vós, toda a gulosa, apetitosa,
E tão mais formosa: mente quente...

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Escaldante atrito que nos é formado
Pela procura sofrida; como um gato:
Cheirar rasto colorido Daquele prato;
Cheirar pelo rasto do Bem: como um Homem.

A Realidade talvez tenha sido,
E ainda seja, a maior das Ilusões;
Tudo o que me é físico me devolve desilusões...
Não me cantem - não sem que vos tenha pedido.

O meu ganho é o que tenho perdido,
O que acho; a densa derrota furtiva
Que se concluirá, em fim, inconclusiva,
Ao seguir o rasto, do Homem, pelo prato.

E talvez a Realidade seja o gato,
Todo o rasto colorido a Ilusão -
Toda ela necessária -, o Bem a conclusão...
Mas, Sua Alteza, o que é a Beleza?

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