ESTE CORPO

 

Este corpo
Que me calhou assumir
E que me obriga a sentir
Coisas que nem sempre entendo...
Esta mente
Que nem sempre ouve, o que digo
E teima em deixar-me constrangido,
Perante o que vou vivendo...
Um dilema…

Que ainda hoje me acompanha,
Sem que eu vislumbre ou detenha,
Uma saída aceitável...
É mistério, com que tenho que viver
Sem ter podido escolher
Um outro mais desvendável...

Agora, se tento conciliar
Ou até, minimizar
A original discrepância.
Dirão, que é o destino,
Traçado por um ser divino
A quem devo observância.
Se é assim
Para quê um corpo com mente?
Se bastava, simplesmente,
Um pescoço com vaivém.
Ou então! Um cérebro mentecapto,
Que perante qualquer acto,
Se limitasse ao “amén”.
Não, senhor!
Tenho corpo e tenho mente,
Que vivem, constantemente,
Em desacordo total.
Só por isso, eu não invejo o eterno
A viver em tal inferno,
Eu prefiro ser mortal!

 

Mário Margaride"GIL60"

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