Eu seria um pouco cego

Eu seria um pouco cego, se depois de ter esperado por ti, naquele banco em que nos vimos pela primeira vez, onde não apareceste depois de teres jurado ao telefone seduzindo-me com a tua voz doce mas incerta, que era desta que me irias agarrar para sempre pondo uma pedra nas tuas duvidas em relação ao nosso amor, na tua cabeça movimentada pela imagem e marca registada, a tua humildade estava em mares nublosos. A minha pessoa estava de rastos, os ventos fortes levavam-me cada vez mais para longe, onde a bussola não poderia ajudar a rota cega do Homem, seria um pouco cego, se me juga-se ao mar, na esperança de te puxar mais uma vez do teu mundo presunçoso, no qual eu não me identifico porque a minha estrutura de vida sempre foi na base da verdade, crua verdade da vida aquela que sempre me mostrou a dor, podia-me transformar numa rocha e não sentir a beleza da tua pedra de diamantes que tens escondida no teu coração, que não te dás conta pela sua simplicidade, a tinta superficial e plástica da sociedade onde te encontras faz encher os balões da mentira, que mais tarde ou mais cedo irão rebentar nos céus pintados a óleo, ficando para sempre presa na moldura numa sala de loiça e cristal, onde as janelas irão estar sempre fechadas embrulhadas nas cortinas secas sem vida, onde o sol não chega, onde não há uma planta de esperança, de cor e cheiro. Seria um pouco cego se não sentisse a dor, de já não estares ao meu lado na cama triste também sozinha, a tua escova de dentes esquecida por ti numa casa em transformação, desenvolvendo capacidades, ajudada pelas cores novas, cores de continuidade e procura da cara-metade…