Eu Sou a Árvore

Eu sou a árvore 
em cada Primavera que passa
renasço, 
crescem-me as folhas
rebentam os primeiros frutos

Eu sou a árvore
que te serve de abrigo
onde nela encontrarás sempre
uma sombra 
e debaixo de mim 
sentas-te nas minhas raízes

Eu sou a árvore 
em cada Verão
vens até mim 
a colher os frutos que eu te dou
faz bom proveito deles,
colhe quantos puderes 
que eu não sei até quando
eu poderei existir

Em cada Verão 
sentes-me estalar 
sentes o meu cheiro 
aquele que te faz sentir 
porque eu também sinto o calor
porque em cada galho meu 
eu sinto a vida a passar

Eu sou a árvore
que quando no Outono me olhas
me vês despida 
mas os pássaros
continuam a vir até mim 
pousam em mim 
dormem comigo 
saem de madrugada 
voltam ao fim da tarde

Quando as minhas folhas caem 
quando me encho de amarelo 
eu continuo a ser a mesma árvore 
que por guardar saudade
voltarei com a mesma força
ao virar de cada estação 
porque também envelheço

Eu sou a árvore 
que no Inverno 
sinto nos meus braços 
o frio 
que enregela 
quando me cortam 
levam bocados de mim 
quando me queimam 
eu morro 
reduzo-me a cinzas 
e em cinzas 
nada mais poderei ser 
ficarei reduzida à insignificância

 
Poeta dos Tempos Modernos 

 

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