EUSÉBIO - Jogador de Futebol - PORTUGAL

Eusébio 

Jogador de Futebol - Portugal 

25-01-1942

 

05-01-2014

 

 

 

Infância e juventude 

Eusébio nasceu no bairro de Mafalala, em Maputo (à época denominada Lourenço Marques), em Moçambique (colônia portuguesa até 1975), a 25 de janeiro de 1942, filho de Laurindo António da Silva Ferreira, ferroviário, branco, natural de Angola e, de Anissabeni Elisa, uma negra moçambicana. Foi o quarto filho do casal. Criado numa sociedade extremamente pobre, costumava faltar às aulas para jogar descalço futebol com os seus amigos em campos improvisados e utilizando bolas de futebol improvisadas. O seu pai morreu com tétano, quando Eusébio tinha 8 anos de idade, de modo que Elisa tomou quase exclusivamente cuidado parental do jovem Eusébio

 

O início

Mais tarde, Eusébio procurou inscrever-se no clube O Desportivo, mas não foi aceito, por ter um problema no joelho. A vontade de jogar futebol falou mais alto do que o clubismo, por isso, dirigiu-se ao Sporting Lourenço Marques. Tendo sido aceito nesta filial moçambicana do clube leonino de Lisboa, Eusébio jogou de leão ao peito até à sua ida para Portugal. Antes disso, chegou a ser indicado à equipa brasileira do São Paulo, após o ex-jogador do clube José Carlos Bauer, que havia participado nos Campeonatos Mundiais de 1950 e 1954, observá-lo em Lourenço Marques, em 1960. O Tricolor Paulista, entretanto, desdenhou do investimento. Bauer então conversou com Béla Guttmann, que fora seu treinador no São Paulo, sobre o jovem. Guttmann já treinava o Benficana época.

O negócio da transferência do menino de 17 anos ficou então marcado pela polêmica, devido à luta que houve entre os dois rivais de Lisboa para conseguir o passe do rapaz. O [Benfica] tinha tudo acordado com Eusébio e com o Sporting Lourenço Marques. No entanto, os responsáveis sportinguistas, sabendo tratar-se de um diamante em bruto, foram buscar o jogador ao Aeroporto, encaminhando-o para um hotel. Desta forma, Eusébio não pode assinar pelo Sporting visto que o seu pai já teria assinado pelo S.L.Benfica]] quando ainda corria o ano de 1960. Logo na primeira época de camisola vermelha vestida, o "Pantera Negra" ajudou o Benfica a conquistar o seu último troféu europeu e a sua segunda Taça dos Campeões Europeus consecutiva, acabando de vez com a hegemonia do Real Madrid.

Benfica

A 15 de dezembro de 1960 chegou a Lisboa. Eusébio jogava na filial leonina de Lourenço Marques quando um funcionário do Benfica tratou da sua transferência para as águias. Colocou o Eusébio num avião sob um nome falso (Ruth Malosso - que pertence a uma cidadã portuguesa) e avisou os leões de que o jogador tinha partido para Lisboa de barco. Na capital, Eusébio era esperado por dirigentes da turma da Luz e alguns jornalistas.

Sporting Clube de Portugal não desistiu e voltou à carga, duplicando a oferta do Benfica, que acabou por pagar à mãe de Eusébio, Elisa Anissabene, 250 contos (250 milhares de escudos) pela transferência. Os encarnados esconderam o rapaz de 18 anos numa unidade hoteleira em Lagos, Algarve, evitando que ele fosse comprado pelo Sporting, e assim seguraram o reforço.

Menos de uma semana passou e Eusébio regressou à capital e já era jogador do Benfica.

Estreou-se no Estádio da Luz a 23 de maio de 1961, numa partida amigável contra o Atlético em que marcou três dos quatro gols do Benfica. As peripécias que se sucederam desde a sua chegada atrasaram a assinatura do contrato, o que iria impedir de estar presente em Berna, na noite do primeiro triunfo europeu do Benfica. A sua fama internacional vem do jogo da segunda final europeia do Benfica em 1962, contra o Real Madrid. Não só marcou dois gols como fez uma exibição de luxo com as características que o iriam tornar famoso: a velocidade estonteante e o remate fortíssimo.

A France Football considera-o o segundo melhor jogador do mundo, em 1962. Os convites para jogar no estrangeiro obviamente surgiram. A Juventus oferece-lhe 16000 contos, em 1964, numa altura em que ganhava 300 contos no Benfica. A tentação era tão grande que o governo de então o envia para a tropa, não permitindo que se venda um tesouro nacional deste tamanho. O Benfica acabaria por lhe aumentar o salário para 4000 contos. No mundial de 1966 em Inglaterra, torna-se definitivamente uma estrela mundial, um digno rival de Pelé. O epíteto de "Pantera Negra" vai correr o mundo. A facilidade em marcar gols torna-o no melhor marcador do mundial com nove golos, ajudando a levar Portugal ao terceiro lugar. Após o mundial, os italianos fazem uma nova oferta a Eusébio: 90000 contos. Quando parecia que desta vez nem o governo poderia impedi-lo de aceitar, surge a notícia de que os clubes italianos deixam de poder contratar jogadores estrangeiros.

 

A carreira de Eusébio foi recheada de lesões, tendo sido operado 6 vezes ao joelho esquerdo e 1 vez ao direito. Nunca deixou de jogar, mesmo em condições dolorosas, até porque sabia que o Benfica dependia muito dele e que os espectadores não aceitariam bem a sua ausência. Realizaram-lhe uma festa de despedida, em Setembro de 1973, mas continuou ainda a jogar até 1979.

A sua última partida com a camisa do Benfica foi no dia 18 de junho de 1975, frente à seleção africana, em Casablanca.

 Seleção Nacional Portuguesa

Em 1966, vestindo a camisola das quinas, foi um dos protagonistas do Campeonato do Mundo jogado em Inglaterra. Com uma prestação fenomenal, Eusébio foi uma das principais armas portuguesas para uma das melhores campanhas internacionais de sempre. Logo no primeiro Campeonato do Mundo, Portugal chegou aos quartos-de-final, deixando pelo caminho equipas como a da Coreia do Norte (a grande surpresa do torneio, logo depois de Portugal), Hungria e Brasil (um dos principais favoritos, sendo que de entre uma equipa genial se destacava o número 10, Pelé). Portugal acabou por sair derrotado contra a equipa da casa, numa partida que ficou conhecida como "Jogo das Lágrimas", e que ficou marcada por contestações à organização do torneio.

A marca de Eusébio de gols marcados no Campeonato do Mundo de 1966 ficou registada como a maior da prova.

Eusébio obteve a sua última internacionalização a 19 de outubro de 1973.

Final de carreira

Nas temporadas de 1976-77 e 1977-78, Eusébio jogou em duas equipas menores portuguesas: Beira-Mar, na Primeira Divisão e União de Tomar, na Segunda Divisão.

Jogou também na North American Soccer League (NASL), por três equipas diferentes, de 1975 a 1977: Boston Minutemen (1975), Toronto Metros-Croatia (1976, e Las Vegas Quicksilvers (1977). O seu maior sucesso na NASL foi em 1976, com Toronto Metros-Croatia. Eusébio marcou na vitória por 3-0 no 76 Soccer Bowl para ganhar o título da NASL. No mesmo ano, disputou dez jogos pelo Monterrey no campeonato mexicano.

Na temporada seguinte (1977), assinou pelos Las Vegas Quicksilvers. Acabaria por ser um final muito decepcionante da carreira de Eusébio. Por esta altura, as lesões tinham magoado o "Pantera Negra", e ele estava constantemente a receber tratamento médico enquanto jogava pelos Las Vegas Quicksilver. Durante a temporada, ele só conseguiu marcar dois golos.

Apesar de os joelhos lhe terem roubado a capacidade de continuar na NASL, Eusébio queria continuar a jogar futebol. Encontrou uma casa em 1978 com os New Jersey Americans da segunda linha American Soccer League (ASL). Foi forçado a aposentar-se de vez no final da temporada. Eusébio jogou cinco partidas pelos Buffalo Stallions durante a temporada 1979-1980 da Major Indoor Soccer League.

Em Outubro de 1963, foi seleccionado para representar a equipa da FIFA no "Aniversário de Ouro" da "Football Association" no Estádio de Wembley.

Eusébio aposentou-se em 1979 e fez parte da comissão técnica da Selecção Nacional Portuguesa até ao seu falecimento.

Família

Em 8 de Outubro de 1965, Eusébio casou-se com Flora Bruheim, e tiveram duas filhas Sandra (1966) e Carla (1968).

Morte

Eusébio morreu cerca das 3h30m da madrugada de domingo, 5 de janeiro de 2014, vítima de uma insuficiência cardíaca, a poucos dias de completar 72 anos de idade.

No Benfica ganhou 11 Campeonatos Nacionais (1960-1961, 1962-1963, 1963-1964, 1964-1965, 1966-1967, 1967-1968, 1968-1969, 1970-1971, 1971-1972, 1972-1973 e 1974-1975), 5 Taças de Portugal (1961-1962, 1963-1964, 1968-1969, 1969-1970 e 1971-1972), 1 Taça dos Campeões Europeus (1961-1962) e ajudou a alcançar mais três finais da Taça dos Campeões Europeus (1962-1963, 1964-1965 e 1967-1968). Foi o maior marcador da Taça dos Campeões Europeus em 1965, 1966 e 1968. Ganhou ainda a Bola de Prata sete vezes (recorde nacional) em 1964, 1965, 1966, 1967, 1968, 1970 e 1973. Foi o primeiro jogador a ganhar a Bota de Ouro, em 1968, façanha que mais tarde repetiu em 1973.

Alcunhado de O Pantera Negra, A Pérola Negra ou O Rei em Portugal, Eusébio marcou 733 golos em 745 partidas oficiais na sua carreira. Era conhecido pela sua velocidade, técnica, atleticismo e pelo seu poderoso e preciso remate de pé direito, tornando-o num prolífico goleador e num dos melhores marcadores de livres de sempre. É considerado o melhor futebolista de sempre do Benfica e de Portugal e um dos primeiros avançados de classe mundial africanos. Apesar de ter nascido em Moçambique, Eusébio só poderia jogar pela Seleção Portuguesa, como Matateu e Mário Coluna, entre outros, antes dele, já que o país africano era considerado um território ultramarino de Portugal e os seus habitantes eram considerados portugueses.

O nome de Eusébio aparece muitas vezes nas listas e votações de melhores jogadores de futebol de sempre feitas pelos críticos de futebol e fãs. Foi eleito o nono melhor jogador de futebol do século XX numa pesquisa realizada pela IFFHS , faz parte da lista dos 50 melhores jogadores de todos os tempos do Planète Foot , ficou no 8º lugar da lista "Os melhores do século XX" elaborada pela revista Placar e foi eleito o décimo melhor jogador de futebol do século XX numa pesquisa realizada pela revista World Soccer . Pelé nomeou Eusébio como um dos 125 melhores jogadores de futebol vivos na sua lista FIFA 100, elaborada em 2004. Eusébio ficou em sétimo lugar na votação online para o Jubileu de Ouro da UEFA. Em Novembro de 2003, para comemorar o Jubileu da UEFA, foi escolhido como o jogador de ouro de Portugal pela Federação Portuguesa de Futebol como o seu melhor jogador dos últimos 50 anos.

Desde que se retirou, Eusébio tem sido um embaixador de futebol e é um dos rostos mais conhecidos do desporto. Eusébio é muitas vezes elogiado pelo seu conhecido fair-play e humildade, até mesmo pelos adversários. Foram realizadas várias homenagens por parte da FIFA, da UEFA, da Federação Portuguesa de Futebol e do Benfica em sua honra. O ex-jogador do Benfica, da Seleção Portuguesa, e amigo, António Simões, reconhece a sua influência no Benfica e disse: "Com Eusébio talvez pudéssemos ser tri-campeões europeus, sem ele talvez pudéssemos ganhar o campeonato”.

 

 

QATAR - Técnico do Al Gharafa, do Qatar, Zico foi uma das muitas personalidades do futebol que lamentaram a morte do ex-atacante Eusébio. O maior nome do futebol português faleceu neste domingo, aos 71 anos, vítima de uma parada cardiorespiratória.

 

Na internet, Zico postou a mensagem abaixo, em homenagem ao Pantera Negra:

‘O futebol perde mais um grande nome para enorme tristeza de todos os amantes do esporte. Última vez que estive com Eusébio foi na Soccerex. Nos últimos anos nos encontramos muitas vezes em eventos festivos e também da UEFA. Lembro bem de um em Nova York que fomos fazer a apresentação da Taça da CHAMPIONS LEAGUE e é o registro da foto abaixo. Tive o privilégio de jogar alguns minutos junto com ele, George Best e ter como técnicos simplesmente Puskas e Di Stefano na festa de 50 anos do Beckembauer.

 

Por causa do velho Antunes, português nato, a primeira lembrança de Copa do Mundo que tenho foi em 66 quando Portugal perdia de 3 x 0 para a Coreia do Norte. Eusébio desandou a fazer gols, quatro no total, e Portugal virou para 5 x 3 para alegria do meu pai. Estávamos ouvindo pelo rádio.

Que descanse em paz o grande Eusébio!

 

 
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Comentários

Bela e oportuna homenagem!

 

Saudações de um benfiquista!

 

_Abílio Henriques.

Abilio, creio que nascemos para brilhar, uns mais outros menos. Eusébio foi uma pessoa que em sua vida toda brilhou pela humildade, competência e equilíbrio. Nada mais justo que fazermos uma simples homenagem, grato pelo comentário, abraços. Billy

billy brasil, você também brilha muito! Sempre reconhecendo o mérito das pessoas!

Realmente, uma boa homenagem!!!

beijos!

Obrigado Madalena, vc sempre muito gentil. Feliz Ano Novo bjssssss

Obrigada billy brasil!

Bejossssss!

Obrigado Billy Brasil, tive oportunidade de conhecer o Eusébio, deixo um texto sobre as suas palavras mágicas que nunca esquecerei.

Abraço Fraterno 

Miguel

Eusébio

Lembro-me de jogar à bola no largo do Jardim das Rosas e do velho poste de pedra que nos iluminava de noite.

Das bolas que batiam nos estores do vizinho do rés do chão, dos assobios do Sr. Zé a chamar o Jorge Emídio para ir jantar, dos jogos que fazíamos no pelado contra a equipa do Largo de São Tomé.

Respirava Futebol e dava cabo da cabeça ao meu pai… era o escocês, o puto do Jardim das rosas.

Lembro-me dos torneios de Futebol de Cinco no Campo do Altinho e dos craques de então.

Da habilidade do Pedro Miguel, que jogava no Sporting; dos remates de meio campo do Virgílio; da tenacidade do Octávio, que agora vive em São Tomé e Príncipe, e de tantos outros que sonhavam em jogar no Benfica, Sporting, Porto...

Lembro-me de ir a um treino de captação no velho Complexo do Estádio da Luz.

Depois de esperar um dia inteiro, eu e vários jovens, extasiados a olhar para o nosso Ídolo; ouvi as palavras mágicas: olhou-me nos olhos, sorriu e disse:

- “Puto chegou a tua vez entra!”.

Após um pequeno jogo, saí e voltei para casa a chorar, mas feliz por ter jogado no campo exterior do Benfica.

Ainda hoje sonho com o Velho Estádio da Luz e com as palavras mágicas.

Miguel Santos

13/03/2018