EXTINGO UMA PÁGINA DA VIDA – I

EXTINGO UMA PÁGINA DA VIDA – I

Na poesia, quis abusar
das palavras agressivas,
aquelas que vão engrossar
o vocabulário dos protestos.
Escrevi de raiva, frases vivas,
ditadas, sopradas por figuras
anónimas, fãs dos manifestos e da confusão.
Li, e reli, rasgando as passagens ofensivas
e com elas fui engolindo agruras,
mastigadas no tempo em depuração.

Entre nós e as palavras, extingo
esta página transcendente.
Sem decretos nem esperanças,
redime-me nesta hora concludente,
onde os caminhos dos silêncios emudecem,
marcados por um punhado de lembranças
insanas e enigmáticas, que permanecem
corrosivas, temperadas no ácido da agrura.
Nesta inconfidência sem disfarces nem perseveranças
flutua a página de uma vida omissa de ventura.

João Murty

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Comentários

Saudações , 

Sempre é uma emoção te ler Poeta.

 

Você tem o dom das palavras vivas ..

 

                    Meu Carinho ...

 

 

 

 

 

Obrigado pela visita, pelas suas palavras e por gostar do que vou poetando!

Um beijinho

João Murty