Faz de conta...

Sei que não houve nenhum erro,
 
nenhum desacerto,
 
e agora nem dei conta que
 
ainda tudo ou nada recomeçou,
 
como o sol assim nasceu,
 
e nunca mais além se pôs
 
assim a lua por fim seus raios
 
contornou
 
em memoráveis lampejos
 
desta incalculável luminosidade
 
que te afaga e inebria
 
exaltando o ser
 
que me consome as horas
 
os dias desapercebidos
 
neste frio que pulsa em longos
 
actos de sossego
 
e maravilhosa euforia
 
 
– Faz de conta que ainda é cedo,
 
não tenhas medo, recomeça,
 
porque nunca é tarde
 
o recomeço
 
e eu estarei onde em mim tu quiseres
 
renascida, florescida,
 
onde por fim em ti
 
descanso no ermo das nossas
 
invencíveis e apalavradas emoções
 
disfarçando-me em prantos
 
recluso nesta imortalidade
 
que desabrocha generosa
 
casta com delicadeza rupestre
 
de uma rosa silvestre
 
 
– Faz de conta
 
equilibra-te em alegrias
 
despe-me os sentidos em vigília
 
onde em ti pressinto
 
a mudança das marés
 
o curar das ondas em maresias
 
de esperanças tantas
 
invisíveis danças oceânicas
 
em cada olhar vazio
 
onde ficamos mais sós
 
insensíveis, previsíveis
 
sucumbindo de amor
 
repletos de nós
 
FC
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