Faz nascer Desejos
Teus caminhos põe pedras no rio, e
sobes ao leito da boca onde somos,
duas bocas, duas línguas, e
sós somos nus,
onde e quando ardemos.
A cama ou a falésia ou a jangada, onde
as permutas de vapores,
de tempestades de incêndio faz-se excessos,
são os meus desejos.
Refluxo de lábio desmaiado toca o fundo infinito.
somos o vento que sopra outra maré,
ardemos ou morremos?
Sopra-me com a língua Mar,
teu sal nos dedos,
nos olhos,
nos lábios,
toca – me o vazio para que haja dia.
Mais fundo que a luz na troca do olhar ou do sorriso,
que faz nascer desejos,
são instantes quentes sobre a nudez.
Um fio de saliva que corta as veias,
a tua saliva as minhas veias,
cortam ventos contrários sobre o meu peito.
Rasga-me delírios da mão perdida,
Onde a ideia de perder-te apaga o texto da chuva
repousada nos meus olhos de madrugada.
Respira-me se puderes toda a ânsia
contra o Sol da vertigem,
entre o começo e o fim,
paras para beber e banhar na fonte dentro do tempo errante,
erra e não repouses,
a atmosfera ataca,
quase tudo sobe quando arde.
Bebemos á saúde do Amor que
faz nascer Desejos no insubmisso espaço
das errâncias.
Gila Moreira 28/01/2014