FLORES DESPIDAS

Quando eu morrer, não digas a ninguém.
Partilha comigo alguns minutos,
uma noite inteira.
Cobre o meu corpo frio
com um lençol branco.
 
Quando eu morrer,
recita um soneto, um poema
que escrevi, talvez o tenha escrito para ti.
Fica junto de mim.
 
Quando eu morrer,
deixa-me ver, mais uma vez, o mar.
Promete-me que não choras,
que não tocas com a tua boca
os meus lábios frios.
Promete-me que lançarás a tua solidão,
a tua dor, as tuas lágrimas,
num poço profundo 
sem olhar para trás.
 
Cuida das nossas flores
quando o vento e a chuva chegarem.
Serei o teu anjo da guarda,
e todo o meu amor brilhará em ti.
 
Quando eu morrer, estarei
eternamente presente no teu coração.
Continuarei a viver no teu pensamento,
com amor e saudade.
 
Quando eu morrer, por favor,
não digas a ninguém que eu parti.
Que parti como as flores despidas 
despidas pelo vento.
 
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