Frágil

Exalou daqui
 
minha áurea insegura
 
até aos confins do mundo
 
onde deleito
 
meus olhos e te contemplo
 
ávido às mãos sublimes
 
do Grande Criador
 
 
Ressarciste-me a solidão
 
redesenhaste-me
 
as órbitas dos seres graciosos
 
que vagueiam pela meiga noite
 
imaginando-te formosa
 
em perfeita imaginação
 
que se fez assim um novo milagre
 
e de tanta vida nova
 
fez-se tanto amor,
 
desfez-se na verdade
 
esta mistura fina, delirante
 
colhida ainda em flor
 
simplesmente reíventada
 
em cada gomo de utopia
 
ressuscitada no tempo
 
 
Eleva-me junto ao altar
 
onde multiplicámos
 
fecundos
 
todos os códigos de vida
 
todos os deleites da perfeição
 
cada heroísmo enobrecido
 
na cordialidade audaz
 
comovida
 
assim dissimulada e concedida
 
 
Percebe minha fragilidade
 
aproveita as lacunas da minha dor
 
e aceita-me assim
 
preciso
 
quieto
 
sem tolices reclamadas
 
apenas excessivo quando perco
 
a compostura
 
e vulnerável quando te estendo
 
sem contrapartidas
 
minha fiel e empolgante loucura
 
 
Procura-me
 
encontra-me se puderes
 
busca-me no teu pequeno
 
mundo infinito
 
desfruta as delícias ténues
 
que trago nos cinco sentidos
 
 
Canta-me em plenitude
 
abranda a velhice
 
que me ensina tanta paciência
 
confia-me a aprendizagem do tempo
 
e eu
 
quando souber do perdão e clemência
 
então certamente
 
me acorrentarei a ti em conivência
 
pacificado
 
saciado
 
pela extensão da tua benevolência
 
FC
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