Gazel do Amor Imprevisto

O perfume ninguém compreendia 

da escura magnólia de teu ventre. 

Ninguém sabia que martirizavas 

entre os dentes um colibri de amor. 



Mil pequenos cavalos persas dormem 

na praça com luar de tua fronte, 

enquanto eu enlaçava quatro noites, 

inimiga da neve, a tua cinta. 



Entre gesso e jasmins, o teu olhar 

era um pálido ramo de sementes. 

Procurei para dar-te, no meu peito, 

as letras de marfim que dizem sempre



sempre, sempre; jardim em que agonizo, 

teu corpo fugitivo para sempre, 

teu sangue arterial em minha boca, 

tua boca já sem luz para esta morte. 

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