Ha já duzentos soes, ha quatro luas
Autor: António Nobre on Thursday, 3 January 2013
Ha já duzentos soes, ha quatro luas,
Que te pedi que a Igreja abandonasses.
Tu és cruel, Senhora! continúas,
Como se agora apenas começasses.
Á sexta-feira e ao sabbado jejuas,
E tanto te pedi que não jejuasses.
E o que dóe mais, Senhora, é que insinuas
Em voz que tanto dóe: «Se me imitasses...»
Nenhuns peccados tens. És anjo e santa.
Boa como o ceu, simples como a planta,
Cozes p'ros pobres, fazes boas-obras!
Quaes são os teus peccados? peccadores
Senhora! são os vossos confessores.
Homens e basta: são máos como as cobras!
Lisboa, 1897.
Género: