Hauntologia

Na bela madrugada dum dia comum refleti: o limiar entre viajar na maionese e contemplar belas ideias é tênue. Ao pensar no conceito “conceito” vejo uma autopalavra. Não é nada mais que uma hauntologia. Caso desconheça, hauntologia refere-se ao filósofo Jacques Derrida, onde ele explica que linguagem é inevitavelmente autorreferencial, pois recai muitas vezes no colo de si própria e explicando a partir dela. A palavra “palavra” é autorreferencial, nada é dito em palavras sobre o exato conceito “palavra”. Do que isso vale no cotidiano? Somos seres linguísticos, e se nossas palavras não dialogam, como nos expressamos? Eu sei, eu sei, isso ainda não é convincente. Ninguém se importa com a teoria, mas com a prática. O pragmatismo fala pelo ser humano. Mas, isso me incomoda. Não vejo beleza em como a fala mesmo gritando ainda resoluta no silêncio. É até melancólico. Quantas coisas são hauntológicas, mas vividas constantemente. Deus, por exemplo, dependendo da perspectiva teológica, é hauntológico: sua ontologia, essência e conceito refletem o reflexo Dele mesmo. Se isso é uma verdade, Deus expressa a religião; a religião transcreve a cultura; a cultura domestica o homem; e o homem contempla belas ideias como Deus. Mas então, se… Ah! Acho que viajei na maionese novamente.
 
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