Hero e Leandro

Hero e Leandro

“Sopram fortes os ventos no Helesponto

Como naquela noite tempestuosa [...]

E a voz de Hero, a voz do amor, nas trevas,

Abafando o fragor da tempestade.

Byron

          Leandro:

 

Todas às noites eu morro...

Morro de amores por Hero,

Nado sem rumo por esse mar

Em busca daquela que quero...

 

Meu amor por ela deu-me força

A ponto de uma margem a outra nadar,

E quando com ela mo encontro

Tudo que quero é amar...

 

Não serão às barreiras a nos atrapalhar

E nem mesmo a distância do meandro

Tudo será apenas um sopro no ar

Deste teu fâmulo e amante, Leandro...

 

Sua luz me guia na noite escura

E mo conduz a sua presença fugaz

E ao amanhecer devo-me de ti partir,

Para ao vicejar da noite voltar, não temas...

 

Mas, um dia a tempestade apagou

A chama de meu coração,

A tua luz eu não mais percebo

Vou-me afogando com fé e paixão...

 

Adeus amor, já me estou indo...

Mas consigo eu hei de me encontrar

Num lugar tão bonito e tão sereno,

Que então nos poderemos, amar...

 

          Hero:

 

Não te vais, voltes para mim...

Minha tocha eu hei de incendiar

Para que essa tempestade terrível desvaneça

E que em nós sobreviva à força do amar...

 

Ah, meu amado Leandro, vida que vivo

Sem ti minha existência é um nada,

Quero mais outra vez poder to sentir,

E ser apenas a sua doce amada...

 

Agora olho-te inerte em meus braços...

E a dor da culpa dói-me cá dentro em mim

E essa tempestade gélida que apagou-me o amor

E a minha vida também trouxera meu fim...

 

 

Morro sem ti...

Para consigo um dia me encontrar...

E quem sabe outra vez...

Poder-te amar...

 

D. Ferreira Yossef, 01/04/2015

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