HEY! HEY! HEY!

HEY! HEY! HEY!

Por quem os olhos desaparecem tão bem

Para debaixo da sua ombreira de rímel roxo?

Em que mortes as próximas mãos?

Onde cavam os novos cangalheiros?

Em que clarabóia o céu encosta os lápis de cera?

Por que porta minha se apresenta um deus?

De que esmola ainda envelheces tu

Da qual não empobrece mais ninguém?

Que te parece hoje eu ser Romeu?

ACHAS QUE SIM? SIM?! ESTÁ BEM!

Quem está louco hoje?

Quem está tão tolinho ao ponto de ser um mau poeta?

Quem está tão farto de ser mastigado

Triturado por esta merda?

Quem está enfurecido como eu?

Quem foi emudecido como eu?

O tempo não pára, socorro, o tempo não pára!

O tempo não pára e eu não descanso

O tempo não cura, o tempo manso

Nunca vem, o tempo mata

Nunca se salva o tempo

O tempo não pára!

OUVE LÁ!

Eu preciso de dormir

Eu preciso de adormecer menos de cada vez

Afundar logo, que odeio estar à tona

Puta de membrana, puta de passagem interdita

Miséria de vida mundana e a sua métrica quântica

Sem o ritmo espiritual nem a meta da psique

Não sou eu um génio? Que posso ser então

Se nada mais permite a impotência

Se nada mais se compadece com a ilusão

De uma grande dormência ou de uma grande demência?

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