Hiperatividade

Pelas escadas desta pureza

Chegaste ao teu destino tão abraçado a nada que naturalizasses,

Reflexas-te pelo cabelo abaixo ou pés acima,

Depende tudo das tuas manias.

 

A tua pele pós-suada aperta,

O teu cheiro embala os olhos duvidosos enquanto escuta os juncos tão navegantes como assassinos,

No teu corpo deslizavam as expressões…

Tens nele tatuadas palavras de carne,

Nas tuas mãos tens o teu sangue e o suor mais desconhecido,

Das tuas orelhas tiraste os brincos… rrrrrrr,

Fala!

Fala e por favor transpira,

 

Suaviza o teu corpo em alma de força,

Os animais fogem e deixam-te ser tu,

As pessoas deixam o teu lar sozinho,

Mas tudo é importante.

Ouve-se a água a correr em silêncio,

Ouvem-se os tremores de terra cariciantemente empreendedores nessa fúria,

#NadaMaisQueMais.

 

 

Quem te irá ouvir dizer o que estás a fazer calada,

O teu corpo afoga e reorganiza as trepadeiras,

Sentem-se as cócegas que as borboletas

Te fazem à ponta dos dedos (),

Quem te falou do prazer que lhes dás?

 

Os parques de estacionamento e as árvores guerreiam,

Suspiros pelo chão,

Ovelhas tosquiadas acordam os coelhos e fogem,

Sombras tremem como varas claras com medo constipado dos cantos profundamente mais ocultos,

Memórias despem violentamente os cérebros,

Suspiram-te… existem-te…

Escrutinam-te.

Leões uivam pelo nevoeiro a dentro,

O teu corpo esculpe toda a carne deles,

É o ritornelo do teu corpo a dar a carne

À verdadeira calma,

O teu suspiro

É o tal funesto

Do nascer da carne.

 

O plúmbeo quarto em que deitada acendes a lanterna,

Instante solitário em que te chamas,

O teu corpo talvez suado solta chamas só na ponta dos cabelos,

O teu cheiro é selvagem e o teu olhar impossível,

Quem disse que a alba era o escuro?

Quem disse que era o bulício que não te iria procurar?

Nada se contradiz,

O teu corpo grita a luz verde para a luz vermelha ou a luz vermelha para a luz verde,

E a lua desceu só para te ouvir cantar em agudo,

A tela está prestes a ser pintada,

 

Não há horas que sejam,

São todas,

As tuas mãos são a água que agarra a cama.

 

Atira o espírito ao mundo,

Envolve a realidade com o som do grito mais profundo dos teus sempre belos e tão doces lábios,

Diz a ninguém o que sonhas e por favor diz,

Não digas a chegada do pavão,

Não chames o Diabo antes do veredito,

Diz,

Não digas,

Não saibas,

Deseja ser no interior,

Levanta-te…!

 

O teu cabelo virou-se para trás,

As tuas pernas marcam o caminho com os saltos altos,

Os teus ouvidos ouvem os teus passos,

Os teus lábios sentem os teus passos.

Reflexas-te pelo cabelo abaixo ou pés acima,

Porque tudo depende das tuas manias,

De costas, de frente, a beber água.

 

Mas és ternura e essa pecabilidade,

E há o silêncio da exterior chuva.

Dás a tudo o resto grande enorme luva,

Quiçá verás a responsabilidade.

 

Em ti desconheces a contrariedade,

Essa poetização é de novo turva.

Uma lista gasta que se coadjuva,

Porque no fim, crê-se simplicidade.

 

Porque és tu essa caminhante discreta,

Porque és o Fado que se cobre com a manta.

Porque há vida em alguma marioneta,

 

Porque há o querer bifurcar a garganta.

Porque o sol finge que por isto se veta,

Porque não irá o tempo que não se agiganta.

 

Chamo o teu nome,

Olhas para mim mas o resto não conta histórias…

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