Hoje sou incompleto

Hoje sou incompleto,
Repleto de espaços em branco
E preenchido por um indiscreto
Eu mais brando.
Não sei se sou eu,
Mas sinto-me e penso-me
Como se fosse;
Não sei se a vida em mim morreu,
Mas já não lhe ouço ou sinto a tosse.

Dou por mim
a vasculhar nos cantos da memória,
Enquanto ouço o oceano bater.
Procuro mil histórias,
As que vivi e perdi
Por não as ter;
Por não haver
Senão palavras imaginadas,
histórias forçadas
Por imaginações ainda embriagadas...

Talvez eu não passe de imaginação;
Eu e tudo o que sou;
Talvez a vida não passe de inovação
E, ao mesmo tempo, saudade de tudo o que passou.

Talvez a vida seja a ignorância, a insegurança e a incerteza;
Talvez seja nada
para além de ganância
Falsa esperança
E desejo de riqueza.

Talvez ainda te deseje,
A ti e à tua natureza...
Toda essa beleza
À qual tiveste a sorte
De nascer presa.

Mas hoje sou incompleto,
Não [sou] predador, nem presa.

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Comentários

Um bom poema de um amigo completo!

Um abraço

João Murty