Horas fugitivas

Qualquer hora
 
hoje passou por aqui
 
fugitiva
 
esgueirando-se na fertilidade
 
do tempo plantado
 
com beijos dispersos
 
em cada madrugada onde
 
recobro o fôlego despindo
 
assim nossa cumplicidade
 
 
  Qualquer hora
 
ontem passou ali
 
sorrateira
 
transpondo meus actos
 
de amor revelados em
 
cada estrofe confidente
 
que se expressa
 
faminta de preces
 
persuadida de beleza
 
em cada momento onde
 
em nítida esquadria
 
te desenho exacta
 
com a alma acesa,
 
em discretas
 
distâncias
 
escorrendo no ermo celeste
 
entre
 
a pressa que nos dista
 
e a paciência da ânsia
 
que tanta soberana
 
evidência protagoniza
 
 
  Qualquer hora
 
amanhã passará misteriosa
 
iluminando o enxoval
 
das nossas memórias
 
e lá depositarei todas as
 
travessas gargalhadas tuas
 
como relíquias nocturnas
 
que desabrocham entre
 
sulcos adocicados de poesia
 
e paisagens apressadamente
 
comovidas em horas e dias
 
consagrados até morrer
 
a última e exuberante dádiva de cortesia
 
FC
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