A ILUSÃO DE SER POETA
Tem dias que o meu verso não aparece
Não encontro nem rastros de poesia
O pensamento maior em mim carece
Ser poeta até parece uma heresia
A imaginação torna-se um ato falho
Sou maestro de uma orquestra sem som
Eu então comigo mesmo me atrapalho
Sem achar meu vocabulário e o meu dom
Penso que a criação chegou ao fim
Parte do cérebro foi desativada
Quem sabe minha poesia é tão ruim
Que a fonte acabou degenerada
Ou talvez seja a mudança do clima
Que deixou meu pensamento em agonia
A natureza que não gosta de rima
Ou de quem pensa que escreve poesia
Como um potro que não gosta de maneia
Pra voltar a fazer versos manoteio
Sei que não sangrou de vez a minha veia
Posso ainda corcovear nesse rodeio
De repente como nasce outro dia
Nova manhã com raios de luz repleta
Surgem rimas que penso ser poesia
Volto a ter a ilusão de ser poeta.
Sérgio Teixeira
Bagé/RS.