Imensidão

 

Imensidão

 

Diferente do tempo que devora pelas beiradas,

Eu tento viver me devorando por inteiro,

Busco nas entranhas, o banquete principal.

Aquilo que está atrás dos ossos e sangue.

Que manifesta em seu poder a sensação prazerosa sádica de sentir na morte interna o demasiado prazer.

 

Meus lábios funcionam como vinho nesse banquete,

Belíssimos abridores de apetite preparam o terreno para o ato se consumar.

Aos poucos, mas buscando engolir sem mastigar, quero o desejo último,

Antes que eu morra de inanição ou devorado pelo tempo, por aquele que não me conhece.

Sem gosto, sem recheio interno, guloso peço todo o cardápio.

 

A verdade está sendo muito cruel.

O conhecimento que gera luz cega-me com sua força brilhante.

O saber que conduz a morte apavora-me com suas ambivalências existenciais.

O desejo provoca meu espírito desejar, gerando uma fome não saciada.

E o tempo, anda como tempo, comendo tudo pelas beiradas.

Eu, sem fome vivo com fome.

Mergulhado em nada, em poesias.

Em pensamentos ainda não pensados.

Em momentos não vividos.

Em verdades insuportáveis.

Em uma vida não consumada, perdida, desencontrada.

Imerso em minha imensidão.

 

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Comentários

 

a vida pode ser

um adamastor

para quem viver

na dor.

 

Saudações!

_Abil!o

Obrigado pelo comentário Abilio, forte abraço!

Conheço muito bem o que diz sua poesia!

Porque vivi isso um dia, ainda vivo numa imensidão, quem sabe num labirinto... É o que sinto, busco saída, nas coisas boas da vida!

Madalena 

Um abraço! Bjs

O que dá sentindo a vida é a própria vida. Uma vida não vivida não pode estar viva. Sentir que está vivo é o desafio de todos os dias.

Obrigado pelo carinho e comentários!