Indo nos ventos...

– Indo nos ventos
 
recolho furtivo teus incertos
 
beijos mesmo ali à beirinha
 
onde me deixaste proscrito
 
na rota apetecível dos sorrisos
 
despidos em escadaria
 
em travessias
 
pelo tempo que resta
 
onde por fim me liberto
 
e o mar
 
regurgitando minha poesia
 
pincela em matizes inebriantes
 
toda a luz semeada em euforia
 
nas frestas do meu coração
 
adormecido em atiçados
 
fulgores de ousadia
 
 
– Indo nos ventos
 
acento por escrito
 
tuas planícies implorando perfumes
 
de amor e fecundidade
 
reparto em abraços tudo que
 
amadurece em ti
 
redescubro novas vidas
 
vividas a todo o momento
 
em goles esfaimados de saudade
 
em derradeiros e sustenidos
 
actos ritmados de amor
 
convergindo em prol
 
da consolada e eminente verdade
 
sem desenganos que eu veja
 
onde nem o mal me fere mais
 
e sobeja só em nós esculpida em arte
 
os sentidos penitenciados
 
na lápide da nossa assediada eternidade
 
 
– Indo nos ventos
 
apresso-me sereno
 
buscando aquele odor ameno
 
onde te fiz meu oceano sorrateiro
 
desarmado em ondas sem tempo
 
solitárias, impregnadas
 
em lufadas de maresia
 
rugindo
 
nos murais onde pernoitam os
 
sulcos de todas as nossas rotações
 
e translacções
 
 
– Indo nos ventos
 
legamos em testamento nossas preces
 
desfraldamos nossa bandeira
 
e soletramos arrojantes verdades
 
em ilusões ambulantes e aventureiras
 
dissolvidas no epicentro preciso
 
onde esbracejamos toda a nossa
 
imensa e feliz cumplicidade
 
FC
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Gostei meu amigo! Que a bandeira da poesia esteja sempre presente nas nossas vidas com alguma saúde, paz e alegria.

Um grande abraço,

João Murty