Inexistência
Inexistência
Quando a sua folha ultrapassa mil palavras por minuto,
Os seus olhos captam mais de trezentas realidades a mais do que é visto,
Os seus ouvidos ensurdecem com palavras mudas
O seu corpo leve, pesa mais de quinhentas toneladas
Seus músculos se retraem para o vazio
Não existe um sentir
São ossos e carniça em decomposição porque aos poucos os brilhantes olhos adormecem
O que antes era um pequeno prazer, hoje descansa com o fantasma de um sorriso passado
A simples fórmula da inexistência
Viver até a vida te consumir de três em três horas
A paz do não existir
Sem crença de ascender
Mas só a paz de dormir
Negação da existência como rotina
Diferente do morrer, o não existir acontece vivo, diferente do morrer, a inexistência consome até te tornar ela
É o sentir afastado, a melodia distante, a lembrança de um cheiro, o sabor de um sentimento querido
Inexiste vontade, inexiste coragem e inexiste um ser
A caneta já se encontra no chão, jogada, porque de suas linhas só saem o nada
O cansaço de nexo
O cansaço de existir
Que leva pro corpo, pra mente e pra alma
O cansaço de sentir
O cansaço de amar
O cansaço de se relacionar
Isola, a inexistência isola
E sozinho, vendo tudo que te arrepende
Ela toma conta
E a paz retorna, ainda cansada
Sozinha, constante, vazia
Com versos breves e confusos
Que assim como a realidade em que se encontram
Assumem sua inexistência
Laura Turati
Feito em: 03/03/2018